Algumas das razões dos
acidentes em passagens de nível
Enquanto profissional na
área da segurança rodoviária, a certa ocasião e intrigado com as razões que
envolvem os acidentes rodoviários em passagens de nível, fui estudar alguns
casos e colocar-me mais atento aos testemunhos que se vão escutando com esses
acidentes acontecem. testemunhos de pessoas no local, comentários da
comunicação social.
Não sendo este meu
“estudo” oficial e não querendo de modo algum intervir ou conflituar com outros
oficiais, comecei a perceber que os envolvidos nesta tipologia de acidentes,
ou eram pessoas que residem perto da passagem de nível onde se deu o sinistro,
ou a utilizam habitualmente, ou eram idosos.
Ao aperceber-me disto e
sabendo que funcionamos por hábitos, facilmente cheguei a uma primeira
conclusão. As pessoas que vivem cerca das passagens de nível ou que as utilizam
frequentemente, dispõem de um alerta biológico associado ao conhecimento do
horário da passagem dos comboios na passagem de nível em questão. Ou seja, ao
abordarem o referido espaço de confluência entre a via rodoviária e a
ferroviária em período temporal definido por passagem de comboio, o seu
despertador interno alerta-os para essa possibilidade, o que os leva a ativarem
o seu estado de alerta para esse facto.
No entanto, se a
abordagem ao espaço da passagem de nível for efetuado fora desse horário, o
despertador biológico não atua, levando o individuo a baixar ou não atuar com a
necessária segurança, nomeadamente diminuir a velocidade do seu veículo e olhar e escutar
se se aproxima algum comboio. Esse estado faz com que o individuo aborde o
espaço de conflito sem precaução, estando sujeito ao surgimento de um comboio
que poderá estar com atraso de circulação. Vai dar-se o acidente, pois a
diferença de velocidades é muito diferente, circulando o comboio por segundo
muitos mais metros do que o veículo.
Habitualmente quem
conhece uma determinada passagem de nível, julga que conhece o seu tráfego
ferroviário. Acontece que esse tráfego rodoviário não se limita à passagem dos
comboios comerciais de transporte de passageiros urbanos, sub-urbanos ou
regionais. Estes são os que normalmente o horário está gravado no relógio
biológico. Eventualmente os Inter-cidades ou Alfas.
Mas, não nos podemos esquecer
que existem outros comboios, como por exemplo aqueles de mercadorias que estão
ao serviço de diversas empresas, os de formação de novos maquinistas, os de
manutenção e verificação das vias férreas e certamente outros serviços. Estes
não se encontram gravados no despertador interno que dispomos e muitas vezes, é
com estes que os acidentes se dão.
Outra causa de acidente
deve-se ao facto de, ao abordarem passagens
de nível sem barreiras de guarda, os condutores e peões, ainda
que vendo o comboio, arriscam porque “ainda está longe e dá tempo” – dizem.
Acontece que existe em Portugal um grave problema com uma enorme
percentagem de pessoas, problema não muito observado por quem de direito, ou
pelo menos pouco desenvolvido no seu estudo. Visão estereoscópica. Ou melhor, a falta
dela ou sua diminuição.
A visão estereoscópica
como causa
Fala-se que cerca de 60%
dos condutores em Portugal têm problemas com a sua visão tridimensional. Uns
com maior intensidade que outros, mas ainda assim o valor é elevado. esta visão
tridimensional dá-nos a percepção de dimensões, distância e velocidade de
deslocação. Ora, se temos problemas com esta visão, vamos ter problemas em
analisar a que distância está o comboio e a que velocidade se desloca na nossa
direção. E deste modo abordamos passagens de nível com uma errada segurança.
Por fim verifiquei também
que muitos dos envolvidos em acidentes com comboios são peões, mas
particularmente peões idosos. Tal deve-se essencialmente ao facto de, com o
avançar da idade, as nossas capacidades auditivas, visuais ou de posicionamento
em relação à via irem ficando mais reduzidas. Depois, ou não se dá conta do
surgimento do comboio, ou dando-se, as capacidade de locomoção são tão débeis
que não permitem uma rápida fuga ao espaço onde o peão se encontra.
Para que a sinistralidade rodoviária
possa diminuir nas zonas de confluência entre vias rodoviária e via
ferroviárias, devem os condutores absterem-se acto que possam promover o risco,
eliminando a confiança excessiva em relação às passagens de nível que conhecem,
procurando sempre que as abordam, terem um cuidado acrescido, não apenas em
relação ao horário, mas também na certeza de que não se aproxima nenhum
comboio. Porque se tal não acontecer vamos continuar a ter em nossas casas
noticias de mais mortos resultantes de acidente em passagens de nível.
Em relação aos idosos,
estes devem ser alertados para o facto das suas capacidades de alerta estarem,
naturalmente, diminuídas, assim como as suas capacidades físicas e de
locomoção. Só desta forma poderemos ter uma convivência mais sã com o espaço de
circulação de comboios. Se ao se aproximar de uma passagem de nível com
barreiras de guarda verificar que estas estão fechadas, então respeite-as. Se a
passagem de nível não tiver guardas, respeite os sinais vermelhos de alerta. Pare, escute e olhe
MARCAS RODOVIARIAS
Uma das garantias da boa circulação rodoviária e
interação entre os condutores, é a sinalização
existente na via pública e devidamente regulamentada. Sabendo-se que a
sinalização está hierarquizada, devem os condutores observar a sua valência e
respeitá-la, evitando desta forma conflitos
rodoviários entre os diversos intervenientes.
Acontece que, por negligência de quem de
direito, muitas são as vezes em que a sinalização, seja ela qual for, não se
encontra bem visível aos olhos dos condutores ou num estado de degradação tal,
que não permite que os utentes da via a utilizem com a segurança e respeito
desejados e exigíveis.
Hoje vamos analisar as
marcas rodoviárias, popularmente apelidadas de “linhas pintadas na estrada“.
As “linhas pintadas na
estrada” são sinalização horizontal que têm um valor elevado e fulcral, em
muitos casos, para a boa fluidez e segurança rodoviárias.
Dividindo-se em diversos
subgrupos, é muito importante que os condutores as conheçam e que as entidades
com responsabilidade percebam a importância de uma via pública estar bem
sinalizada e demarcada com estas “linhas pintadas na estrada”. Poderíamos
aqui abordar todas as marcas, individualmente, no entanto vamos, por agora,
fazer uma sucinta reflexão apenas a uma delas: a Guia.
Quando circulamos,
principalmente fora de uma localidade, a possibilidade de encontrarmos passeios
para os peões transitarem ou pistas a eles destinadas é muito pequena. Assim
sendo, estes peões terão de transitar
pela berma. Essa berma é o espaço marginal à faixa de rodagem e que, podendo não ter,
deverá estar diferenciada dessa mesma faixa de rodagem através de uma “guia”,
linha longitudinal que faz fronteira entre o espaço destinado á circulação de
veículos e o de circulação de peões. Sem esta sinalização torna-se difícil aos
condutores não invadirem o espaço pertencente aos peões e vice-versa.
Também para a boa
circulação dos condutores estas marcas rodoviárias tem um valor exponencial, uma
vez que é ela que permite a esses mesmos condutores definirem bem a sua posição
de circulação e escolherem a melhor trajetória
em curva quando circulam de noite em via não iluminada ou
quando as condições atmosféricas não são favoráveis, por exemplo em chuva ou
nevoeiro.
Estando as entidades, com
responsabilidades, atentas, irão ter o cuidado de refletir sobre estas
necessidades para a segurança rodoviária e terão o cuidado de avivar as marcas
desgastadas pela utilização da via e prover delas as vias que as não
têm. Na pintura destas marcas rodoviárias deve ser utilizada tinta de cor
branca com características fluorescentes para melhor ser vista e previamente
analisada pelos condutores.
AS INUNDAÇÕES
O que fazer
quando somos surpreendido por uma inundação? Devemos rever alguns pontos chaves para estarmos preparados da melhor
forma possível, e isso inclui os peões. A primeira coisa a saber é que quando
encontramos uma enchente, inundação ou lagoa de água (de alguma importância), o
mais sensato é não nos considerarmos corajosos e achar que isso é muito
perigoso. E quando vamos na estrada, se você estiver se sentindo corajoso e
achar que pode continuar a toda velocidade, considere o aquaplaning e suas
possíveis consequências.
Não atravesse uma lagoa
de água
Sob a
superfície de uma lagoa de água pode estar qualquer coisa: lama, pedras, buracos, … não o vemos, e como todos nós
não temos veículos todo-o-terreno realmente preparados para percorrer rios (e
não valem os SUV), o melhor é não atravessar, rodear a lagoa, ou no pior dos
casos realizar um reconhecimento antes da passagem. Mesmo tratando-se de uma
rua ou uma estrada nacional, o respeito a uma lagoa de água deve ser total.
E por falar em
autoestradas, ou pior, em uma estrada convencional, ainda devemos mostrar mais
respeito. Quando chove torrencialmente, mesmo que seja por alguns minutos (precisamente
por isso) deve reduzir a velocidade de acordo com as condições de visibilidade
reduzida, para minimizar as hipóteses de aquaplanagem, que é mais provável que
ocorra quanto mais rápido circularmos. Sabendo isso, fico surpreso ao ver
velocidades acima do legal na estrada, sob chuva torrencial, mesmo que você
conduza um automóvel topo de gama. Uma coisa não elimina a outra e, na estrada,
a primeira prioridade é a prudência.
Como peões acontece o
mesmo, mas principalmente na cidade. Não
vale a pena começar a andar sobre a água, porque podemos
encontrar uma sarjeta descoberta, ou outra coisa (uma inundação repentina que
depois provoca uma forte corrente), então é melhor optar por cautela e não
arriscar passar um mau momento, se não for por força maior.
Não nos façamos de heróis
Perante as inundações vi
um homem com uma retro escavadora a tentar parar um veículo que foi arrastado pela corrente.
Possivelmente não há qualquer motivo razoável e consistente para ele fazer o
que fez (teve que ser resgatado e não foi claro se ele teria conseguido deter o
veículo à deriva), mas eu pensei que foi uma imprudência total. Se se tratar de
um fenómeno natural, uma desgraça que não podemos evitar, mas se um automóvel for com a corrente, adeus.
Se ninguém estiver lá dentro, que fique claro.
As coisas podem acabar
mal quando se subestima uma inundação (especialmente com enchente) a corrente
pode arrastar-nos com ela, podemos tropeçar em uma sarjeta descoberta que
não vimos, podem acontecer … mil coisas. Mas acima de tudo, o poder do fluxo de
água nunca deve ser desprezado. Se as ondas na praia podem fazer-nos cair, eu
não consigo sequer imaginar a força que nos empurra em caso de uma inundação.
O importante, quando
estamos em uma situação que pode ser complicada, seja ela de alguma forma, é tentar sair do veículo o mais rápido
possível e obter a segurança. Os bens materiais não são
importantes. Às vezes, esse local “seguro” pode ser até o capô do veículo, mas
é melhor procurar um lugar seguro, como uma casa ou qualquer lugar que esteja
fora do alcance da acção da água. Parece mais fácil dizer do que fazer e espero
que ninguém tenha de ser salvo de uma inundação enquanto dentro do carro, muito
menos com família ou acompanhantes
BAS
BAS, também designado por EBA, são as siglas de Brake Assist System
ou Electronic Brake Assist que, traduzidas do inglês significam sistema
eletrónico de assistência ou ajuda à travagem de emergência. Trata-se de um
sistema de segurança do automóvel idealizado pela Mercedes-Benz que,
combinado com o ABS garante que a travagem seja o mais curta
possível, tirando partido da capacidade de travagem perante qualquer
emergência.
O sistema BAS mede, por um lado, a velocidade
com que é libertado o pedal do acelerador e se pisa o travão. Por outro lado,
calcula a pressão utilizada no sistema de travagem para interpretar se nos
encontramos perante uma travagem
de emergência. Desta maneira, o dito dispositivo aumenta a pressão
da frenagem conseguindo reduzir a distância da travagem com a ajuda do
condutor.
Ajuda ao condutor perante
uma travagem inadequada
Muitos acidentes ficam a
dever-se a uma travagem inadequada perante uma frenagem brusca do veículo da
frente. Também podemos travar demasiado tarde por vários motivos: por conduzirmos distraídos ou desatentos,
com visibilidade reduzida, como por exemplo quando se conduz com o sol a bater
nos olhos, etc. Como a maioria dos condutores, não estamos habituados a lidar
com este tipo de situações
críticas e não sabemos aplicar a força de travagem suficiente
para evitar, digamos, uma colisão por alcance.
O desenvolvimento de
novas tecnologias como o Autonomous Emergency Braking ou AEB parecido com o BAS,
podem ajudar o condutor a evitar este tipo de acidentes ou, pelo menos, a
reduzir a sua gravidade. São várias as modalidades de sistemas, pelo que
podemos agrupá-los em autónomos (onde o sistema atua de modo independente de
forma a que o condutor possa evitar o acidente) ou de emergência, quando o
sistema só intervém numa situação crítica ou quando o sistema se encarrega de
evitar o acidente através
da aplicação dos travões.
Também neste tipo de
sistemas, já mais modernos, se utiliza tecnologia
de radar para identificar os possíveis obstáculos à frente do
carro. Essa informação é combinada eletronicamente com a velocidade e
trajetória do veículo. Dessa forma, se for detetada uma possível colisão, os sistemas de ajuda à travagem
em geral tratam, em primeiro lugar, de evitar o impacto ao advertir o condutor
de que é necessário atuar e no caso de não tomar medidas, o sistema aplicará os
travões.
Como funcionam realmente
estes sistemas de ajuda à travagem
Do ponto de vista da sua
complexidade técnica, o sistema BAS é relativamente simples. Os seus principais
elementos são o sensor de
velocidade ou força, situado no pedal do travão, a válvula que
aumenta a pressão no circuito de travagem e a centralina eletrónica que gere
todo o sistema. Trata-se de elementos que fornecem segurança no automóvel e,
ao mesmo tempo, são complementados por outros. Por isso, muitos modelos de
carros para além de virem equipados com a assistência à travagem ou BA, trazem também o
sistema de travões antibloqueio ou ABS
e a distribuição eletrónica de travagem ou EBD.
O sistema de ajuda à travagem BAS,
atendendo a que identifica a situação de emergência, ativa uma válvula
eletromecânica situada normalmente no servofreio para aumentar a pressão no
circuito hidráulico de travões, pressão esta que se transmite instantaneamente
às pastilhas e discos de travão. Alguns
sistemas BAS aplicam diretamente a máxima intensidade de
travagem que o veículo é capaz de proporcionar, enquanto que outros são capazes
de a regular de modo proporcional à força exercida sobre o pedal do travão pelo
condutor.
Para evitar que o aumento
brusco da intensidade da
travagem produza um bloqueio repentino das rodas, o sistema de
ajuda à travagem BAS funciona de modo sincronizado com outro dos sistemas
básicos de segurança ativa, o sistema
antibloqueio dos travões ABS. Enquanto que o primeiro aumenta
rapidamente a pressão no circuito de travões para conseguir a intensidade
máxima de travagem, o segundo sistema modula-a para evitar que se produza o
bloqueio de rodas e a subsequente perda do controlo do veículo. Por outro lado,
se o condutor soltar exageradamente o pedal do travão, o referido sistema
interpreta que desapareceu a necessidade de travar a fundo e desliga-se.
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