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terça-feira, 8 de abril de 2014

ENCICLOPEDIA DO CONDUTOR 7


Algumas das razões dos acidentes em passagens de nível


Enquanto profissional na área da segurança rodoviária, a certa ocasião e intrigado com as razões que envolvem os acidentes rodoviários em passagens de nível, fui estudar alguns casos e colocar-me mais atento aos testemunhos que se vão escutando com esses acidentes acontecem. testemunhos de pessoas no local, comentários da comunicação social.

Não sendo este meu “estudo” oficial e não querendo de modo algum intervir ou conflituar com outros oficiais, comecei a perceber que os envolvidos nesta tipologia de acidentes, ou eram pessoas que residem perto da passagem de nível onde se deu o sinistro, ou a utilizam habitualmente, ou eram idosos.

Ao aperceber-me disto e sabendo que funcionamos por hábitos, facilmente cheguei a uma primeira conclusão. As pessoas que vivem cerca das passagens de nível ou que as utilizam frequentemente, dispõem de um alerta biológico associado ao conhecimento do horário da passagem dos comboios na passagem de nível em questão. Ou seja, ao abordarem o referido espaço de confluência entre a via rodoviária e a ferroviária em período temporal definido por passagem de comboio, o seu despertador interno alerta-os para essa possibilidade, o que os leva a ativarem o seu estado de alerta para esse facto.

No entanto, se a abordagem ao espaço da passagem de nível for efetuado fora desse horário, o despertador biológico não atua, levando o individuo a baixar ou não atuar com a necessária segurança, nomeadamente diminuir a velocidade do seu veículo e olhar e escutar se se aproxima algum comboio. Esse estado faz com que o individuo aborde o espaço de conflito sem precaução, estando sujeito ao surgimento de um comboio que poderá estar com atraso de circulação. Vai dar-se o acidente, pois a diferença de velocidades é muito diferente, circulando o comboio por segundo muitos mais metros do que o veículo.

Habitualmente quem conhece uma determinada passagem de nível, julga que conhece o seu tráfego ferroviário. Acontece que esse tráfego rodoviário não se limita à passagem dos comboios comerciais de transporte de passageiros urbanos, sub-urbanos ou regionais. Estes são os que normalmente o horário está gravado no relógio biológico. Eventualmente os Inter-cidades ou Alfas.

Mas, não nos podemos esquecer que existem outros comboios, como por exemplo aqueles de mercadorias que estão ao serviço de diversas empresas, os de formação de novos maquinistas, os de manutenção e verificação das vias férreas e certamente outros serviços. Estes não se encontram gravados no despertador interno que dispomos e muitas vezes, é com estes que os acidentes se dão.

Outra causa de acidente deve-se ao facto de, ao abordarem passagens de nível sem barreiras de guarda, os condutores e peões, ainda que vendo o comboio, arriscam porque “ainda está longe e dá tempo” – dizem.  Acontece que existe em Portugal um grave problema com uma enorme percentagem de pessoas, problema não muito observado por quem de direito, ou pelo menos pouco desenvolvido no seu estudo. Visão estereoscópica. Ou melhor, a falta dela ou sua diminuição.

A visão estereoscópica como causa


Fala-se que cerca de 60% dos condutores em Portugal têm problemas com a sua visão tridimensional. Uns com maior intensidade que outros, mas ainda assim o valor é elevado. esta visão tridimensional dá-nos a percepção de dimensões, distância e velocidade de deslocação. Ora, se temos problemas com esta visão, vamos ter problemas em analisar a que distância está o comboio e a que velocidade se desloca na nossa direção. E deste modo abordamos passagens de nível com uma errada segurança.

Por fim verifiquei também que muitos dos envolvidos em acidentes com comboios são peões, mas particularmente peões idosos. Tal deve-se essencialmente ao facto de, com o avançar da idade, as nossas capacidades auditivas, visuais ou de posicionamento em relação à via irem ficando mais reduzidas. Depois, ou não se dá conta do surgimento do comboio, ou dando-se, as capacidade de locomoção são tão débeis que não permitem uma rápida fuga ao espaço onde o peão se encontra.

Para que a sinistralidade rodoviária possa diminuir nas zonas de confluência entre vias rodoviária e via ferroviárias, devem os condutores absterem-se acto que possam promover o risco, eliminando a confiança excessiva em relação às passagens de nível que conhecem, procurando sempre que as abordam, terem um cuidado acrescido, não apenas em relação ao horário, mas também na certeza de que não se aproxima nenhum comboio. Porque se tal não acontecer vamos continuar a ter em nossas casas noticias de mais mortos resultantes de acidente em passagens de nível.

Em relação aos idosos, estes devem ser alertados para o facto das suas capacidades de alerta estarem, naturalmente, diminuídas, assim como as suas capacidades físicas e de locomoção. Só desta forma poderemos ter uma convivência mais sã com o espaço de circulação de comboios. Se ao se aproximar de uma passagem de nível com barreiras de guarda verificar que estas estão fechadas, então respeite-as. Se a passagem de nível não tiver guardas, respeite os sinais vermelhos de alerta. Pare, escute e olhe

MARCAS RODOVIARIAS

Uma das garantias da boa circulação rodoviária e interação entre os condutores, é a sinalização existente na via pública e devidamente regulamentada. Sabendo-se que a sinalização está hierarquizada, devem os condutores observar a sua valência e respeitá-la, evitando desta forma conflitos rodoviários entre os diversos intervenientes.

Acontece que, por negligência de quem de direito, muitas são as vezes em que a sinalização, seja ela qual for, não se encontra bem visível aos olhos dos condutores ou num estado de degradação tal, que não permite que os utentes da via a utilizem com a segurança e respeito desejados e exigíveis.

Hoje vamos analisar as marcas rodoviárias, popularmente apelidadas de “linhas pintadas na estrada“.

As “linhas pintadas na estrada” são sinalização horizontal que têm um valor elevado e fulcral, em muitos casos, para a boa fluidez e segurança rodoviárias.

Dividindo-se em diversos subgrupos, é muito importante que os condutores as conheçam e que as entidades com responsabilidade percebam a importância de uma via pública estar bem sinalizada e demarcada com estas “linhas pintadas na estrada”. Poderíamos aqui abordar todas as marcas, individualmente, no entanto vamos, por agora, fazer uma sucinta reflexão apenas a uma delas: a Guia.

Quando circulamos, principalmente fora de uma localidade, a possibilidade de encontrarmos passeios para os peões transitarem ou pistas a eles destinadas é muito pequena. Assim sendo, estes peões terão de transitar pela berma. Essa berma é o espaço marginal à faixa de rodagem e que, podendo não ter, deverá estar diferenciada dessa mesma faixa de rodagem através de uma “guia”, linha longitudinal que faz fronteira entre o espaço destinado á circulação de veículos e o de circulação de peões. Sem esta sinalização torna-se difícil aos condutores não invadirem o espaço pertencente aos peões e vice-versa.

Também para a boa circulação dos condutores estas marcas rodoviárias tem um valor exponencial, uma vez que é ela que permite a esses mesmos condutores definirem bem a sua posição de circulação e escolherem a melhor trajetória em curva quando circulam de noite em via não iluminada ou quando as condições atmosféricas não são favoráveis, por exemplo em chuva ou nevoeiro.

Estando as entidades, com responsabilidades, atentas, irão ter o cuidado de refletir sobre estas necessidades para a segurança rodoviária e terão o cuidado de avivar as marcas desgastadas pela utilização da via  e prover delas as vias que as não têm. Na pintura destas marcas rodoviárias deve ser utilizada tinta de cor branca com características fluorescentes para melhor ser vista e previamente analisada pelos condutores.

AS INUNDAÇÕES

O que fazer quando somos surpreendido por uma inundação? Devemos rever alguns pontos chaves para estarmos preparados da melhor forma possível, e isso inclui os peões. A primeira coisa a saber é que quando encontramos uma enchente, inundação ou lagoa de água (de alguma importância), o mais sensato é não nos considerarmos corajosos e achar que isso é muito perigoso. E quando vamos na estrada, se você estiver se sentindo corajoso e achar que pode continuar a toda velocidade, considere o aquaplaning e suas possíveis consequências.

Não atravesse uma lagoa de água


Sob a superfície de uma lagoa de água pode estar qualquer coisa: lama, pedras, buracos, … não o vemos, e como todos nós não temos veículos todo-o-terreno realmente preparados para percorrer rios (e não valem os SUV), o melhor é não atravessar, rodear a lagoa, ou no pior dos casos realizar um reconhecimento antes da passagem. Mesmo tratando-se de uma rua ou uma estrada nacional, o respeito a uma lagoa de água deve ser total.

E por falar em autoestradas, ou pior, em uma estrada convencional, ainda devemos mostrar mais respeito. Quando chove torrencialmente, mesmo que seja por alguns minutos (precisamente por isso) deve reduzir a velocidade de acordo com as condições de visibilidade reduzida, para minimizar as hipóteses de aquaplanagem, que é mais provável que ocorra quanto mais rápido circularmos. Sabendo isso, fico surpreso ao ver velocidades acima do legal na estrada, sob chuva torrencial, mesmo que você conduza um automóvel topo de gama. Uma coisa não elimina a outra e, na estrada, a primeira prioridade é a prudência.

Como peões acontece o mesmo, mas principalmente na cidade. Não vale a pena começar a andar sobre a água, porque podemos encontrar uma sarjeta descoberta, ou outra coisa (uma inundação repentina que depois provoca uma forte corrente), então é melhor optar por cautela e não arriscar passar um mau momento, se não for por força maior.

Não nos façamos de heróis


Perante as inundações vi um homem com uma retro escavadora a tentar parar um veículo que foi arrastado pela corrente. Possivelmente não há qualquer motivo razoável e consistente para ele fazer o que fez (teve que ser resgatado e não foi claro se ele teria conseguido deter o veículo à deriva), mas eu pensei que foi uma imprudência total. Se se tratar de um fenómeno natural, uma desgraça que não podemos evitar, mas se um automóvel for com a corrente, adeus. Se ninguém estiver lá dentro, que fique claro.

As coisas podem acabar mal quando se subestima uma inundação (especialmente com enchente) a corrente pode arrastar-nos com ela, podemos tropeçar em uma sarjeta descoberta que não vimos, podem acontecer … mil coisas. Mas acima de tudo, o poder do fluxo de água nunca deve ser desprezado. Se as ondas na praia podem fazer-nos cair, eu não consigo sequer imaginar a força que nos empurra em caso de uma inundação.

O importante, quando estamos em uma situação que pode ser complicada, seja ela de alguma forma, é tentar sair do veículo o mais rápido possível e obter a segurança. Os bens materiais não são importantes. Às vezes, esse local “seguro” pode ser até o capô do veículo, mas é melhor procurar um lugar seguro, como uma casa ou qualquer lugar que esteja fora do alcance da acção da água. Parece mais fácil dizer do que fazer e espero que ninguém tenha de ser salvo de uma inundação enquanto dentro do carro, muito menos com família ou acompanhantes

BAS

BAS, também designado por EBA, são as siglas de Brake Assist System ou Electronic Brake Assist que, traduzidas do inglês significam sistema eletrónico de assistência ou ajuda à travagem de emergência. Trata-se de um sistema de segurança do automóvel idealizado pela Mercedes-Benz que, combinado com o ABS garante que a travagem seja o mais curta possível, tirando partido da capacidade de travagem perante qualquer emergência.

O sistema BAS mede, por um lado, a velocidade com que é libertado o pedal do acelerador e se pisa o travão. Por outro lado, calcula a pressão utilizada no sistema de travagem para interpretar se nos encontramos perante uma travagem de emergência. Desta maneira, o dito dispositivo aumenta a pressão da frenagem conseguindo reduzir a distância da travagem com a ajuda do condutor.

Ajuda ao condutor perante uma travagem inadequada


Muitos acidentes ficam a dever-se a uma travagem inadequada perante uma frenagem brusca do veículo da frente. Também podemos travar demasiado tarde por vários motivos: por conduzirmos distraídos ou desatentos, com visibilidade reduzida, como por exemplo quando se conduz com o sol a bater nos olhos, etc. Como a maioria dos condutores, não estamos habituados a lidar com este tipo de situações críticas e não sabemos aplicar a força de travagem suficiente para evitar, digamos, uma colisão por alcance.

O desenvolvimento de novas tecnologias como o Autonomous Emergency Braking ou AEB parecido com o BAS, podem ajudar o condutor a evitar este tipo de acidentes ou, pelo menos, a reduzir a sua gravidade. São várias as modalidades de sistemas, pelo que podemos agrupá-los em autónomos (onde o sistema atua de modo independente de forma a que o condutor possa evitar o acidente) ou de emergência, quando o sistema só intervém numa situação crítica ou quando o sistema se encarrega de evitar o acidente através da aplicação dos travões.

Também neste tipo de sistemas, já mais modernos, se utiliza tecnologia de radar para identificar os possíveis obstáculos à frente do carro. Essa informação é combinada eletronicamente com a velocidade e trajetória do veículo. Dessa forma, se for detetada uma possível colisão, os sistemas de ajuda à travagem em geral tratam, em primeiro lugar, de evitar o impacto ao advertir o condutor de que é necessário atuar e no caso de não tomar medidas, o sistema aplicará os travões.

Como funcionam realmente estes sistemas de ajuda à travagem


Do ponto de vista da sua complexidade técnica, o sistema BAS é relativamente simples. Os seus principais elementos são o sensor de velocidade ou força, situado no pedal do travão, a válvula que aumenta a pressão no circuito de travagem e a centralina eletrónica que gere todo o sistema. Trata-se de elementos que fornecem segurança no automóvel e, ao mesmo tempo, são complementados por outros. Por isso, muitos modelos de carros para além de virem equipados com a assistência à travagem ou BA, trazem também o sistema de travões antibloqueio ou ABS e a distribuição eletrónica de travagem ou EBD.

O sistema de ajuda à travagem BAS, atendendo a que identifica a situação de emergência, ativa uma válvula eletromecânica situada normalmente no servofreio para aumentar a pressão no circuito hidráulico de travões, pressão esta que se transmite instantaneamente às pastilhas e discos de travão. Alguns sistemas BAS aplicam diretamente a máxima intensidade de travagem que o veículo é capaz de proporcionar, enquanto que outros são capazes de a regular de modo proporcional à força exercida sobre o pedal do travão pelo condutor.

Para evitar que o aumento brusco da intensidade da travagem produza um bloqueio repentino das rodas, o sistema de ajuda à travagem BAS funciona de modo sincronizado com outro dos sistemas básicos de segurança ativa, o sistema antibloqueio dos travões ABS. Enquanto que o primeiro aumenta rapidamente a pressão no circuito de travões para conseguir a intensidade máxima de travagem, o segundo sistema modula-a para evitar que se produza o bloqueio de rodas e a subsequente perda do controlo do veículo. Por outro lado, se o condutor soltar exageradamente o pedal do travão, o referido sistema interpreta que desapareceu a necessidade de travar a fundo e desliga-se.

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