O que é a Educação Rodoviária?
Poder-se-á definir a Educação Rodoviária como um processo de aquisição
de conhecimentos e desenvolvimento de capacidades que visa a formação
do cidadão, enquanto passageiro, peão e condutor. Pretende-se assim
promover a integração segura do indivíduo em ambiente rodoviário, o que
pressupõe uma atitude crítica e participativa que implica não só a escola e
a comunidade educativa mas toda a sociedade.
Neste processo está também implícita uma perspetiva de mobilidade
sustentável, associada ao modo de deslocação de bens e pessoas, por
forma a minimizar os efeitos negativos da poluição e promover a qualidade
de vida das populações.
Quanto mais consciente se torna uma sociedade dos problemas que a
afetam, mais facilmente se organiza no sentido de encontrar respostas
para a sua resolução, o que leva a considerar, de acordo com o paradigma
de mobilidade sustentável, a necessidade de um conhecimento efetivo
sobre os problemas associados à mobilidade e a procura de soluções
eficazes, com o objetivo de satisfazer as necessidades de deslocação das
pessoas, recorrendo a modos de transporte sustentáveis.
Quer isto dizer que o exercício de uma mobilidade sustentável implica:
(i) diminuir o impacte sobre o ambiente e os seus efeitos nocivos, em
termos energéticos e ambientais, utilizando modos de transporte suaves e
transportes coletivos amigos do ambiente; (ii) desenvolver novas formas
de organização dos espaços urbanos, favorecendo hábitos de vida
saudáveis e promovendo condições para a prática de uma mobilidade
sustentável.
Pretende-se assim, e de acordo com o princípio de satisfação das
necessidades atuais, sem comprometer as gerações futuras, incentivar na
população mais jovem a adoção de comportamentos e atitudes coerentes
e conscientes, privilegiando, nas suas deslocações, opções mais ecológicas
e económicas.
Mudar a realidade envolve cada pessoa, enquanto indivíduo e enquanto
elemento de um coletivo social do qual faz parte. O comportamento de
cada um influencia e condiciona o do outro, dele dependendo o bem-estar
de todos. Neste processo de construção conjunta e continuada, a
Educação Rodoviária assume uma dimensão pessoal, social e cívica que se
traduz sob a forma de compromisso público e que tem como finalidade
última formar cidadãos.
Cabe à escola definir e aplicar um plano de Educação Rodoviária que
abranja os alunos desde a Educação Pré-Escolar ao Ensino Secundário.
A infância e a adolescência são consideradas idades de grande
vulnerabilidade, estimando-se que, em média, 14 crianças e jovens com
idades até aos 17 anos sejam vítimas de acidente rodoviário, por dia.
(http://www.apsi.org.pt/24/comunicado_de_imprensa_alargado.pdf).
Diversos fatores inerentes ao próprio processo de crescimento da criança
e do jovem concorrem para esta situação, tais como a sua pequena
estatura, a baixa concentração da atenção, a reduzida amplitude da visão,
a dificuldade em detetar a proveniência dos sons, o insuficiente domínio
da lateralidade, a espontaneidade e impulsividade dos seus
comportamentos, a imprecisa noção de perigo, distância e velocidade a
que circulam os veículos, entre outros, que tornam o ambiente rodoviário
especialmente agressivo. Há também que considerar os riscos associados
aos comportamentos de afirmação, caraterísticos da adolescência, que
resultam em desafio e transgressão da norma, incentivados muitas vezes
pela influência dos seus pares.
A Educação Rodoviária não é tarefa exclusiva da escola, cabendo aos pais e
outros intervenientes da comunidade educativa um importante papel na
sua concretização. Este processo, que se constrói, necessariamente, com a
participação de diferentes setores da sociedade, apela à constituição de
parcerias e ao desenvolvimento de ações concertadas, envolvendo serviços
e entidades diversas, públicas e privadas.
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