Educação ou não…
Outro dia presenciei um ato de má educação rodoviária,
infelizmente bastante frequente nos tempos que correm. Aconteceu que um carro
circulava duvidosamente por uma avenida, afrouxando e muito a sua marcha pois
não sabia se tinha que virar ou não no próximo cruzamento que ia brevemente
atravessar.
Enquanto isto acontecia,
o seu semáforo passou a vermelho e fechou, e ficou verde o dos veículos que
cruzavam perpendicularmente a avenida em questão, mas ele, em vez de manter-se
parado no seu lado do cruzamento, decidiu que como teria depois de seguir em
frente, porque motivo é que teria de esperar que voltasse a abrir o seu
semáforo.
Resultado: por pouco
quase que levava à sua frente três automobilistas. Perante o buzinão
generalizado que levou depois este condutor temerário, a sua resposta foi
apenas muito simples, fácil e também “troglodita” tal como a de baixar o vidro
da janela e mostrar no ar a
todos o seu dedo médio estendido. Isso sim, e foi ainda muito
bem apoiado pelos dedos médios erguidos e os insultos de todos aqueles que na
altura o acompanhavam dentro do carro. Um típico exemplo de pouca vergonha e
“boa” educação itinerante, isso sim senhor.
Na origem de isto,
parece-me imprescindível reivindicar a simples fórmula de levantar a mão para
dizer: “perdão, enganei-me,
eu admito”. A todos nos chateia muito quanto nos fazem gestos
ao volante, e não sei convosco, mas a mim o azedume desaparece-me de imediato
se vejo que o condutor infrator pede perdão. É indicador, aliás, que os que não
se desculpam tendem a ser os que as fazem mais graves.
Todos somos
humanos, podemo-nos enganar, e é muito fácil pedir perdão. Insultar, fazer gestos ofensivos ou simplesmente
ignorar tudo como aquele que ouve chover, apenas pode fazer piorar as coisas,
sobretudo quando não se tem nenhuma razão
Por isso insisto: às
vezes é mais importante do que aquilo que nós pensamos levantar a mão e
invocando a minha culpa e pedindo desculpas quando fazemos algo que sabemos que
não está bem. Ao fim ao cabo, supõe-se que somos seres dotados de uma
inteligência privilegiada, não é?
Uma academia de condutores
A segurança rodoviária é de
uma forma geral abrangente a todos os intervenientes, diretos ou indiretos da
via publica. Assim, torna-se necessário que essa segurança tenha um principio
ativo, procurando sempre um curto prazo de implementação, um médio prazo de
aceitação e desenvolvimento. Se tal acontecer, teremos, a bom da verdade, um
conjunto de prestações
rodoviárias capazes de minimizar o risco de acidente rodoviário e de todas as
suas implicâncias.
Deste modo, muito já se
tem falado, escrito e debatido sobre as melhores formas de atuar para que toda
essa consequência física, económica e social possa diminuir e melhorar a
qualidade de vida de todos, os intervenientes, sejam eles mais ou menos
vulneráveis ao conflito. Acontece que a realidade não é tão real como a
intensão.
A implementação da
segurança rodoviária
Como já acontece em
muitos países da Europa, Portugal ainda não olhou para a questão da segurança
com olhos de ver. Olhou, vai tentando desenrascar as coisas para ficar bem na
fotografia aos olhos da União
Europeia, mas não viu ainda com olhos de ver como realmente
atuar em conformidade e em busca dos resultados pretendidos. A diminuição da sinistralidade rodoviária,
suas consequências nefastas e o melhoramento do relacionamento entre utentes da
via.
A implementação da segurança
rodoviária deve ser efetuada através da introdução de educação rodoviária no curriculum escolar,
desde o infantário. Desta forma os futuros condutores e intervenientes no meio
rodoviário poderão perceber qual o melhor comportamento que devem ostentar. Se
essa educação for avançando ao longo dos anos escolares, esses jovens vão
aprendendo a respeitar os seus pares.
Acontece que os filhos,
grande parte das vezes, são o reflexo dos pais. Ora, se os progenitores não têm
uma boa postura rodoviária,
protestando e ofendendo os demais utentes, os filhos vão acabar por adquirir
esse comportamento. Então seria bastante útil que os pais frequentassem,
conjuntamente com os filhos, ações
de formação cívica e rodoviária.
A aceitação das normas
Muitas são as vezes e
todos nós conhecemos muitos casos, por vezes até nós mesmos, em que as normas
do código da estrada
não são aceites como estão definidas. Ou não concordamos porque não nos dá
jeito, ou não as aceitamos simplesmente porque não. Acontece que as normas, não
sendo perfeitas, se vão adaptando à realidade rodoviária de cada país e da
evolução das tecnologias.
Se a educação rodoviária
tivesse sido implementada em Portugal à três décadas ou quatro, hoje teríamos
certamente condutores mais responsáveis, cumpridores das normas e que aceitavam
com naturalidade as alterações ou adaptações que vão sendo feitas ao código da
estrada. Hoje teríamos responsáveis
legislativos mais sensibilizados e conhecedores das realidade,
capazes de adaptar esse mesmo código da estrada.
Acontece que, como essa
educação rodoviária não foi oficialmente implementada, apenas se vão desenvolvendo
ações a titulo privado, o que acontece é que não existe uma continuidade na
aprendizagem dos mais pequenos. Com sorte e dinheiro dos pais, eventualmente,
voltam a ter contacto com as normas aos 14 anos de idade. Esta é uma fase de negação dos jovens,
o que não facilita nada a sensibilização para com comportamentos de risco.
Academia de condutores
No passado sábado dia 12
de outubro, estive no IV Encontro Nacional do Grupo SD, nas Caldas da Rainha,
onde se debateu, essencialmente, o tema dos transportes, motoristas,
sua segurança e condições
de trabalho. Neste encontro foi avançada uma ideia/ intensão de
se criar uma Academia de condutores que pudesse ministrar formação diversa a todos
que pretendam ser condutores e aos que já são, para que estes passassem a ser
condutores mais capazes, responsáveis e conhecedores das normas que os regem,
mas também das dinâmicas dos veículos que conduzem.
É verdade que já existem
empresas que desenvolvem formação nesta área. Não é nada muito inovador este
conceito da Academia do condutor. O que acontece é que as empresas em geral e
os condutores em particular não se encontram sensibilizados para o facto de, ao
recorrerem a estas empresas que desenvolvem formações complementares à
aquisição de um titulo para conduzir, estão a adquirir saber-saber e
saber-fazer que a curto/ médio prazo vai trazer imensas vantagens e lucros.
Então a questão que se
coloca é: Porque não aproveitam as empresas para disponibilizar este tipo de
formações aos seus colaboradores, abrangidas pelas 35 horas de formação anual obrigatórias?
Idosos
A idade vai passando e o condutor vai perdendo, de
forma natural ainda que muitas vezes não aceite, a suas capacidade
psicomotoras, ou seja a sua capacidade de reação, muito por culpa da
deterioração da visão, audição, perceção, etc… Esta não aceitação leva a
que muitos condutores séniores desenvolvam
manobras que entram em conflito com a segurança rodoviária.
Para que haja uma maior
aceitação à mudança e deste modo aumentar a segurança das pessoas idosas, sejam
elas condutores ou peões,
a FUNDAÇÃO MAPFRE, a Policia Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia
de Lisboa estabeleceram uma parceria afim de desenvolverem ações de prevenção e
formação rodoviária a idosos. Assim, no dia 19 de Setembro arranca o projeto Segurança (+)65, projeto
que vai promover ações mensais ao longo de dois anos, com exceção aos meses de
Julho, Agosto e Dezembro.
Ações formativas
Uma vez que a
sinistralidade rodoviária com idosos
se reflete num valor de 44% da sinistralidade total, torna-se relevante e
urgente desenvolver ações que possam diminuir esse valor. Para tal, vão ser
desenvolvidas, junto dos idosos utentes dos Centros de Dia da SCML, ações de sensibilização
sobre alguns cuidados a terem no papel de peões, como por exemplo o lugar a
ocupar na via, a travessia da faixa de rodagem ou o cuidado a ter em relação à
presença de ciclomotores, motociclos ou velocípedes.
Uma vez que com o avançar
da idade vamos recorrendo a fármacos para tratamento das insuficiências de
saúde, é importante que a população
idosa condutora perceba que muitos desses medicamentos têm uma
influência física, como sonolência, que não se coaduna com a condução de um
veículo. Deste modo devem os condutores idosos perceber e estarem
sensibilizados para o facto de poderem correr riscos ou colocar outros em risco
se praticarem condução sob o efeito desses medicamentos.
Tal como nós, também os
automóveis têm um desgaste mecânico que necessita de manutenção periódica.
devem os condutores mais velhos saber que, tal como eles procuram um médico,
também os seus veículos devem procurar um mecânico que os vá mantendo em
condições de circulação segura.
Localização
A realizar em todos os
Centros de Dia da SCML, estas ações vão ter uma carga horária de 3 horas, onde
para além da sensibilização sobre bons
comportamentos rodoviários enquanto peões e condutores, vão ser
demonstradas boas práticas a desenvolver na zona envolvente ao Centro de Dia em
questão, com a realização de alguns testes de Peddy-papper e rall-papper. Deste
modo pretende-se diminuir a elevada sinistralidade
de peões e condutores de idade superior a 65 anos.
Podemos verificar, uma vez
mais, que com a boa vontade de todos, se podem alcançar diferentes grupos
etários com formação e sensibilização pedagogicamente desenvolvidos e adaptados
a esses grupos, sempre com o mesmo objetivo; prevenção e segurança rodoviária,
assim como diminuição da sinistralidade e suas consequências
Postura rodoviaria
A segurança rodoviária é
uma atitude de cada um de nós. Entre os diversos elementos que estão presentes
no Sistema de Circulação Rodoviária, existe um que é comum a todas as
vertentes. Esse elemento é cada um de nós que estamos a ler este post. E esse
elemento é o mais importante de todos, uma vez que é o elemento capaz de
analisar o meio envolvente e decidir como agir em conformidade, de acordo com
os seus conhecimentos e experiência, sempre na busca da segurança.
Nós, elementos de
preponderância elevada, surgimos no SCR no papel de peão, condutor e passageiro. Em qualquer
um destes papeis devemos apresentar uma postura positiva e ponderada, capaz de
criar as melhores condições de interação entre os diversos utentes da via.
Muitas são as vezes em que praticamos ações de risco, não as identificando como
tal ou não as reconhecendo efetivamente.
O condutor
O papel de condutor
tornou-se, ao longo dos tempos, um papel de prepotência rodoviária, onde a
ostentação de melhores viaturas
pode, por vezes, atribuir uma
posição social num grupo restrito. Este estado faz com que
“aquele” condutor se esqueça que existe uma conduta de respeito pelos demais
utentes da via pública,
levando-o a um estado público caricato, numa verdade rodoviária que poucos
conseguem ou querem ver. A verdade da sinistralidade rodoviária e todas as suas
nefastas consequências, sinistralidade esta que com um pouco de altruísmo seria
evitada.
O peão na via pública
Antes de sermos
condutores do que quer que seja, somos peões que utilizam o meio de comunicação
terrestre, a via pública. Deste modo, ainda que não haja um documento oficial
que nos habilite a circular nessa mesma via pública, existem sim uma responsabilidade civil e
uma criminal que nos rege, às quais somos submetidos se prevaricarmos.
Essas responsabilidades
são atribuídas aos pais
ou tutores de crianças
até aos 16 anos de idade. E assim sendo, coloca-se uma questão em tudo
pertinente: havendo uma legislação que regulamenta a postura e comportamentos
dos peões, quem forma esses peões? Quem ministra conhecimento para aprendizagem
do respeito às regras de
trânsito e normas de boa conduta?
Quem fiscaliza o não
cumprimento das normas de circulação inerentes aos peões e previstas em
regulamentação? Será o senhor policia que, devendo dar o exemplo, atua num
contexto divergente, prevaricando ele mesmo aos olhos daqueles que o observam?
Sabendo-se que a educação é um alimento
que se fornece em casa, não é menos verdade que no seio escolar devem ser
ministradas um complexo de vitaminas com vista a combater a educação precária doseada
na família, muitas vezes esta composta por elementos que por si só não dispõem
de formação ou informação suficiente, capaz de promover essa mesma educação
rodoviária.
Todos sabem que não se
pode evocar o desconhecimento da lei como justificação do não cumprimento, no
entanto não é pelo facto de conhecermos e sabermos a legislação e regulamentos
do código da estrada que ficamos habilitados a conduzir um veículo motorizado,
seja ele de duas ou mais rodas. Assim, torna-se evidente que é necessário
ministrar ações de educação
rodoviária a crianças e jovens, introduzindo um programa
formativo progressivo no curriculum escolar.
Estou em crer que a
introdução da educação rodoviária no curriculum escolar, mais do que a atual
página única dos manuais do ensino básico, e com o desenvolvimento paralelo de
ações formativas e de sensibilização pontuais a crianças e jovens,
conseguir-se-á, em duas décadas, não apenas melhorar, mas também aumentar o
respeito entre utentes da via, assim o cumprimento das normas.
O passageiro
Enquanto passageiro de uma
viatura, seja ela privada ou pública, devemos ter uma postura que não
condicione o condutor da referida viatura. deste modo, quando estamos a ser
transportados, devemos manter-nos bem sentados, utilizando um tom de voz
tranquilo e não distraindo o condutor. Afinal, um condutor tranquilo é um
condutor mais atento e seguro.
Empatía
Quando falamos de empatia ao volante,
estamos-nos a referir a uma atitude
do condutor que tem muito a ver com estes princípios de
condução que temos enumerado no decorrer dos últimos dias no Circula Seguro.
Confiança, previsão, segurança e responsabilidade desejam um cenário de atitude
difícil de entender se não existir uma boa dose de empatia.
O projeto Attitudes da Audi
publicou os resultados de um estudo abrangente sobre a empatia na condução que
retrata as atitudes dos condutores ao volante. Os dados falam por si: 54% dos
condutores são empáticos em suas vidas diárias, mas ao volante do seu veículo
32% deixam de o ser e apenas 22% continuam a ser empáticos.
À empatia sucede algo
como a cortesia, como referido à semanas atrás que estava a recuar a passos
largos. Compreender o
outro é uma das virtudes básicas do condutor seguro e
eficaz e, de fato, está entre os fundamentos da condução preventiva. Ter
empatia não significa devemos dizer amém a tudo. Isso significa que devemos
conduzir com um olhar atento e as antenas postas.
Mas não é só isso. A
empatia também é medida pelo mesmo padrão de comportamento que o ditado que
diz: “Não faça aos outros o que não gostaria que eles fizessem a si” e, nesse
sentido, a perda de
empatia é o que tem vindo a ser analisado pela Attitudes, em um extenso relatório intitulado A empatia e sua influência na condução.
Será que a condução nos
torna mais empáticos?
O perfil dos condutores
que perdem mais empatia quando entram no automóvel corresponde a mulheres que
conduzem menos de 30 minutos por dia e geralmente optam pelo carro para levar
as crianças para a escola ou para ir ao médico. Em tais situações e perante a
necessidade de estacionar o carro por um curto período de tempo, o famoso
“momentinho”, não se importam de estacionar em dupla fila. é assim, pelo menos,
que está resumido pelo projecto Attitudes.
Existe uma correlação
entre a frequência de condução e o facto de ter mais ou menos empatia? De
acordo com o estudo, os condutores menos empáticos são aqueles que usam o carro
para levar as crianças para a escola, enquanto que as viagens para o trabalho e
viagens em família são características dos condutores mais empáticos.
Aliás, para metade dos
condutores, a empatia
é um valor positivo para a segurança rodoviária. Como eles
explicam, isso pode prevenir os acidentes rodoviários, facilitar o fluxo de
tráfego e reduzir os incidentes de trânsito. Além disso, com os números em cima
da mesa, vemos uma conexão entre a condução empática e a condução com segurança
e dentro das regras.
Parece que estamos mais
ou menos conscientes da importância da empatia, e as acções de condutores pouco
empáticos são bem conhecidas. Ou seja, você vê isso todos os dias: o uso de
luzes e buzina para pressionar outros os condutores, ultrapassagens à direita
circulando em uma velocidade acima do que o permitido, desrespeito da distância
de segurança ou condução com excesso de velocidade são algumas das infracções
que o projecto Attitudes colecciona em seu estudo.
Apesar de tudo, tem uma
certa coerência e embora pareça evidente que uma pessoa que não pensa que os
outros não terá atenção com as regras, existem alguns aspectos de tudo isso que
podem ser um pouco confusos. É verdade que uma pessoa que conduz pensa pouco
nos outros? Será que a falta de hábitos do condutor terá uma influência
importante? Será precisamente a falta de empatia o traço de alguém que tenha banalizado
a deslocação de carro?
Mais perguntas deixadas
ao ar. Esse perfil tão marcado, com as mulheres que são menos empáticas quando
se colocam atrás do volante, é porque no carro não são tão empáticas ou porque
fora dele são mais empáticas do que os homens e o diferencial é maior? Sim,
quando nos colocamos no lugar dos outros, quando somos empáticos, também
corremos o risco: o de questionar a realidade destes dados. Deixando isso de
lado, o que parece indiscutível é o papel
primordial da empatia na condução segura
Perfil do condutor
Muitas pessoas pensam que
são melhores que os outros quando vão a conduzir o seu veículo. Já quase todos
vimos ou sofremos situações nas quais condutores repreendem outros condutores pelo
simples facto de irem mais devagar ao iniciarem a marcha numa via de aceleração
ou ao esperarem pelo último peão que está a atravessar a passadeira. E não
apenas isso. Utilizam a buzina
como arma intimidadora seguida de: “vá, vamos…”, “parece
que lhe saiu a carta numa rifa…”, são alguns desses comentários.
Por outro lado, alguns
condutores, quando circulam por um caminho
ou estrada conhecida fazem-no de forma relaxada, como se
não se importassem com o resto dos utentes e agem como se os seus veículos
fossem em piloto automático. Não é raro verem-se outros condutores que
por excesso de
confiança aceleram pela berma em cada curva ou passam o
semáforo que ainda está vermelho pois sabem que não tardará muito a passar para
verde para os peões. São condutores
autónomos, confiantes ou de experiência limitada e
quando vêem que os outros não reagem como eles, chegam mesmo a comportar-se de
uma forma agressiva.
Condutas que
podem considerar-se egoístas,
contrárias à lei e que mostram desprezo pelos outros, com perigo e chegando a
originar um risco desnecessário, para além de serem passíveis de sanções de
acordo com o Código da Estrada, podem mesmo considerar-se como actos criminosos.
Por outro lado, não se trata apenas de uma questão de fazer, com
a ação,
mas também de não fazer, como é o caso da omissão: não sinalizar um
perigo, uma carga derramada ou o nosso próprio veículo imobilizado que se
encontra a obstruir a via pública, não permitir que o ultrapassem, presenciar
um sinistro rodoviário e não
prestar ajuda ao condutor, a possíveis ocupantes ou a outros
participantes implicados, são algumas dessas condutas.
Diz-me como conduzes e
dir-te-ei como és
Um estudo sociológico
sobre o fator humano
na segurança rodoviária patrocinado pela seguradora Mapfre
e elaborado pelo gabinete Bernard Krief em 1995, resumido
muito brevemente, dizia que um
em cada quatro condutores é perigoso e impulsivo e
considera o veículo como uma projecção da sua personalidade. Afirmava também
que o condutor espanhol valoriza muito positivamente as suas habilidades ao
volante e que atribui sempre a culpa dos acidentes ‘aos outros’. No final do
relatório e face ao número de entrevistados (uns 1300 aprox.), estes puderam
ser classificados em cinco
tipos ou grupos de condutores:
■ Educados e tranquilos:
Integram-se neste grupo 17,5% dos
condutores entrevistados e caracterizam-se pelo facto de não estarem
particularmente obcecados pela segurança nem pela responsabilidade de conduzir.
São condutores que conduzem como vivem, sem pressas, não se alteram facilmente,
dizem manter-se práticos e resolutos durante a condução, mesmo em situações de
dificuldade por imperativos do trânsito.
■ Indiferentes e confiantes:
Representam 12,3% dos
condutores. Este grupo é o que menos se preocupa com a segurança. Padecem do
excesso de confiança que os faz esquecer muitas vezes alguns perigos inerentes
à circulação de veículos e de peões. Expressam menos interesse que os restantes
condutores por problemas de manutenção, revisões ou elementos de segurança do
carro. Estes condutores reconhecem sentir-se um pouco nervosos quando conduzem
e não consideram a condução como uma actividade especialmente divertida.
■ Sensibilizados e responsáveis: 26,9% dos
automobilistas classificam-se neste grupo. São condutores que têm as coisas
bastante claras. São responsáveis e conscientes de todos os aspectos que
intervêm na segurança. Como cumpridores da lei actualizam-se e adaptam-se a
ela. Se possuem algum defeito, esse poderá ser a sua invejável autoestima por
confiarem muito em si próprios, talvez até demais. Consideram que conduzir é
uma verdadeira responsabilidade mas disfrutam da condução.
■ Incompatíveis e apáticos:
Os que se incluem nesta tipologia representam 17,4% aproximadamente
dos automobilistas. Preferem usar os transportes públicos sempre que podem.
Desagrada-lhes terem de conduzir já que consideram a condução uma actividade
incómoda e aborrecida. Discordam das regras e podem comportar-se de forma
agressiva. São os que protestam quando saem novas regras de trânsito por as
considerarem pouco necessárias e apostam numa cidade sem carros. Culpam o
automobilista pelos sinistros por atropelamentos e defendem o peão.
■ Impulsivos e impacientes:
Este é um grupo numeroso e nele se enquadram 25,9% do total dos
condutores. É o grupo mais preocupante do ponto de vista da segurança
rodoviária já que apresentam atitudes claramente diferenciadas dos restantes e
representam o grupo de condutores com mais acidentes. A sua principal
característica é a utilização do veículo como meio de autoafirmação pessoal, ou
seja, consideram o carro como um meio para reforçar a sua própria
personalidade. Sentem-se transformados e mais donos de si próprios quando estão
ao volante. São mais impetuosos, tendem a sofrer mais problemas de stress, são
mais irritadiços, têm menos paciência com os problemas do dia a dia do trânsito
e manifestam uma forma de conduzir mais agressiva que a dos restantes
condutores.
Em suma, identificar-se
com um ou com vários destes grupos de condutores pode ser um pouco complexo já
que algumas dessas mencionadas condutas não têm que coincidir com o comportamento da pessoa num
dado momento, ou seja, não se pode generalizar um simples facto, pois dependerá de múltiplas ações e fatores.
Por outro lado, poderia afirmar-se que as pessoas que apresentam um pior ajuste
social e cometem infracções leves de trânsito, a longo prazo são mais propensas
a sofrer algum acidente ou perigo ao volante
Sem comentários:
Enviar um comentário