Número total de visualizações de páginas

32,490

NOVIDADE

ESTE É O NOSSO NOVO SITE...

www.amcricardoec.pt

terça-feira, 8 de abril de 2014

ENCICLOPEDIA DO CONDUTOR 4



Educação ou não…

Outro dia presenciei um ato de má educação rodoviária, infelizmente bastante frequente nos tempos que correm. Aconteceu que um carro circulava duvidosamente por uma avenida, afrouxando e muito a sua marcha pois não sabia se tinha que virar ou não no próximo cruzamento que ia brevemente atravessar.

Enquanto isto acontecia, o seu semáforo passou a vermelho e fechou, e ficou verde o dos veículos que cruzavam perpendicularmente a avenida em questão, mas ele, em vez de manter-se parado no seu lado do cruzamento, decidiu que como teria depois de seguir em frente, porque motivo é que teria de esperar que voltasse a abrir o seu semáforo.

Resultado: por pouco quase que levava à sua frente três automobilistas. Perante o buzinão generalizado que levou depois este condutor temerário, a sua resposta foi apenas muito simples, fácil e também “troglodita” tal como a de baixar o vidro da janela e mostrar no ar a todos o seu dedo médio estendido. Isso sim, e foi ainda muito bem apoiado pelos dedos médios erguidos e os insultos de todos aqueles que na altura o acompanhavam dentro do carro. Um típico exemplo de pouca vergonha e “boa” educação itinerante, isso sim senhor.

Na origem de isto, parece-me imprescindível reivindicar a simples fórmula de levantar a mão para dizer: “perdão, enganei-me, eu admito”. A todos nos chateia muito quanto nos fazem gestos ao volante, e não sei convosco, mas a mim o azedume desaparece-me de imediato se vejo que o condutor infrator pede perdão. É indicador, aliás, que os que não se desculpam tendem a ser os que as fazem mais graves.

Todos somos humanos, podemo-nos enganar, e é muito fácil pedir perdão. Insultar, fazer gestos ofensivos ou simplesmente ignorar tudo como aquele que ouve chover, apenas pode fazer piorar as coisas, sobretudo quando não se tem nenhuma razão

Por isso insisto: às vezes é mais importante do que aquilo que nós pensamos levantar a mão e invocando a minha culpa e pedindo desculpas quando fazemos algo que sabemos que não está bem. Ao fim ao cabo, supõe-se que somos seres dotados de uma inteligência privilegiada, não é?

Uma academia de condutores

A segurança rodoviária é de uma forma geral abrangente a todos os intervenientes, diretos ou indiretos da via publica. Assim, torna-se necessário que essa segurança tenha um principio ativo, procurando sempre um curto prazo de implementação, um médio prazo de aceitação e desenvolvimento. Se tal acontecer, teremos, a bom da verdade, um conjunto de prestações rodoviárias capazes de minimizar o risco de acidente rodoviário e de todas as suas implicâncias.

Deste modo, muito já se tem falado, escrito e debatido sobre as melhores formas de atuar para que toda essa consequência física, económica e social possa diminuir e melhorar a qualidade de vida de todos, os intervenientes, sejam eles mais ou menos vulneráveis ao conflito. Acontece que a realidade não é tão real como a intensão.

 A implementação da segurança rodoviária


Como já acontece em muitos países da Europa, Portugal ainda não olhou para a questão da segurança com olhos de ver. Olhou, vai tentando desenrascar as coisas para ficar bem na fotografia aos olhos da União Europeia, mas não viu ainda com olhos de ver como realmente atuar em conformidade e em busca dos resultados pretendidos. A diminuição da sinistralidade rodoviária, suas consequências nefastas e o melhoramento do relacionamento entre utentes da via.

A implementação da segurança rodoviária deve ser efetuada através da introdução de educação rodoviária no curriculum escolar, desde o infantário. Desta forma os futuros condutores e intervenientes no meio rodoviário poderão perceber qual o melhor comportamento que devem ostentar. Se essa educação for avançando ao longo dos anos escolares, esses jovens vão aprendendo a respeitar os seus pares.

Acontece que os filhos, grande parte das vezes, são o reflexo dos pais. Ora, se os progenitores não têm uma boa postura rodoviária, protestando e ofendendo os demais utentes, os filhos vão acabar por adquirir esse comportamento. Então seria bastante útil que os pais frequentassem, conjuntamente com os filhos, ações de formação cívica e rodoviária.

A aceitação das normas


Muitas são as vezes e todos nós conhecemos muitos casos, por vezes até nós mesmos, em que as normas do código da estrada não são aceites como estão definidas. Ou não concordamos porque não nos dá jeito, ou não as aceitamos simplesmente porque não. Acontece que as normas, não sendo perfeitas, se vão adaptando à realidade rodoviária de cada país e da evolução das tecnologias.

Se a educação rodoviária tivesse sido implementada em Portugal à três décadas ou quatro, hoje teríamos certamente condutores mais responsáveis, cumpridores das normas e que aceitavam com naturalidade as alterações ou adaptações que vão sendo feitas ao código da estrada. Hoje teríamos responsáveis legislativos mais sensibilizados e conhecedores das realidade, capazes de adaptar esse mesmo código da estrada.

Acontece que, como essa educação rodoviária não foi oficialmente implementada, apenas se vão desenvolvendo ações a titulo privado, o que acontece é que não existe uma continuidade na aprendizagem dos mais pequenos. Com sorte e dinheiro dos pais, eventualmente, voltam a ter contacto com as normas aos 14 anos de idade. Esta é uma fase de negação dos jovens, o que não facilita nada a sensibilização para com comportamentos de risco.

Academia de condutores


No passado sábado dia 12 de outubro, estive no IV Encontro Nacional do Grupo SD, nas Caldas da Rainha,  onde se debateu, essencialmente, o tema dos transportes, motoristas, sua segurança e condições de trabalho. Neste encontro foi avançada uma ideia/ intensão de se criar uma Academia de condutores que pudesse ministrar formação diversa a todos que pretendam ser condutores e aos que já são, para que estes passassem a ser condutores mais capazes, responsáveis e conhecedores das normas que os regem, mas também das dinâmicas dos veículos que conduzem.

É verdade que já existem empresas que desenvolvem formação nesta área. Não é nada muito inovador este conceito da Academia do condutor. O que acontece é que as empresas em geral e os condutores em particular não se encontram sensibilizados para o facto de, ao recorrerem a estas empresas que desenvolvem formações complementares à aquisição de um titulo para conduzir, estão a adquirir saber-saber e saber-fazer que a curto/ médio prazo vai trazer imensas vantagens e lucros.

Então a questão que se coloca é: Porque não aproveitam as empresas para disponibilizar este tipo de formações aos seus colaboradores, abrangidas pelas 35 horas de formação anual obrigatórias?

Idosos

A idade vai passando e o condutor vai perdendo, de forma natural ainda que muitas vezes não aceite, a suas capacidade psicomotoras, ou seja a sua capacidade de reação, muito por culpa da deterioração da visão, audição, perceção, etc… Esta não aceitação leva a que muitos condutores séniores desenvolvam manobras que entram em conflito com a segurança rodoviária.

Para que haja uma maior aceitação à mudança e deste modo aumentar a segurança das pessoas idosas, sejam elas condutores ou peões, a FUNDAÇÃO MAPFRE, a Policia Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estabeleceram uma parceria afim de desenvolverem ações de prevenção e formação rodoviária a idosos. Assim, no dia 19 de Setembro arranca o projeto Segurança (+)65, projeto que vai promover ações mensais ao longo de dois anos, com exceção aos meses de Julho, Agosto e Dezembro.

Ações formativas


Uma vez que a sinistralidade rodoviária com idosos se reflete num valor de 44% da sinistralidade total, torna-se relevante e urgente desenvolver ações que possam diminuir esse valor. Para tal, vão ser desenvolvidas, junto dos  idosos utentes dos Centros de Dia da SCML, ações de sensibilização sobre alguns cuidados a terem no papel de peões, como por exemplo o lugar a ocupar na via, a travessia da faixa de rodagem ou o cuidado a ter em relação à presença de ciclomotores, motociclos ou velocípedes.

Uma vez que com o avançar da idade vamos recorrendo a fármacos para tratamento das insuficiências de saúde, é importante que a população idosa condutora perceba que muitos desses medicamentos têm uma influência física, como sonolência, que não se coaduna com a condução de um veículo. Deste modo devem os condutores idosos perceber e estarem sensibilizados para o facto de poderem correr riscos ou colocar outros em risco se praticarem condução sob o efeito desses medicamentos.

Tal como nós, também os automóveis têm um desgaste mecânico que necessita de manutenção periódica. devem os condutores mais velhos saber que, tal como eles procuram um médico, também os seus veículos devem procurar um mecânico que os vá mantendo em condições de circulação segura.

Localização


A realizar em todos os Centros de Dia da SCML, estas ações vão ter uma carga horária de 3 horas, onde para além da sensibilização sobre bons comportamentos rodoviários enquanto peões e condutores, vão ser demonstradas boas práticas a desenvolver na zona envolvente ao Centro de Dia em questão, com a realização de alguns testes de Peddy-papper e rall-papper. Deste modo pretende-se diminuir a elevada sinistralidade de peões e condutores de idade superior a 65 anos.

Podemos verificar, uma vez mais, que com a boa vontade de todos, se podem alcançar diferentes grupos etários com formação e sensibilização pedagogicamente desenvolvidos e adaptados a esses grupos, sempre com o mesmo objetivo; prevenção e segurança rodoviária, assim como diminuição da sinistralidade e suas consequências

Postura rodoviaria

A segurança rodoviária é uma atitude de cada um de nós. Entre os diversos elementos que estão presentes no Sistema de Circulação Rodoviária, existe um que é comum a todas as vertentes. Esse elemento é cada um de nós que estamos a ler este post. E esse elemento é o mais importante de todos, uma vez que é o elemento capaz de analisar o meio envolvente e decidir como agir em conformidade, de acordo com os seus conhecimentos e experiência, sempre na busca da segurança.

Nós, elementos de preponderância elevada, surgimos no SCR no papel de peão, condutor e passageiro. Em qualquer um destes papeis devemos apresentar uma postura positiva e ponderada, capaz de criar as melhores condições de interação entre os diversos utentes da via. Muitas são as vezes em que praticamos ações de risco, não as identificando como tal ou não as reconhecendo efetivamente.

O condutor


O papel de condutor tornou-se, ao longo dos tempos, um papel de prepotência rodoviária, onde a ostentação de melhores viaturas pode, por vezes, atribuir uma posição social num grupo restrito. Este estado faz com que “aquele” condutor se esqueça que existe uma conduta de respeito pelos demais utentes da via pública, levando-o a um estado público caricato, numa verdade rodoviária que poucos conseguem ou querem ver.  A verdade da sinistralidade rodoviária e todas as suas nefastas consequências, sinistralidade esta que com um pouco de altruísmo seria evitada.

O peão na via pública


Antes de sermos condutores do que quer que seja, somos peões que utilizam o meio de comunicação terrestre, a via pública. Deste modo, ainda que não haja um documento oficial que nos habilite a circular nessa mesma via pública, existem sim uma responsabilidade civil e uma criminal que nos rege, às quais somos submetidos se prevaricarmos.

Essas responsabilidades são atribuídas aos pais ou tutores de crianças até aos 16 anos de idade. E assim sendo, coloca-se uma questão em tudo pertinente: havendo uma legislação que regulamenta a postura e comportamentos dos peões, quem forma esses peões? Quem ministra conhecimento para aprendizagem do respeito às regras de trânsito e normas de boa conduta?

Quem fiscaliza o não cumprimento das normas de circulação inerentes aos peões e previstas em regulamentação? Será o senhor policia que, devendo dar o exemplo, atua num contexto divergente, prevaricando ele mesmo aos olhos daqueles que o observam?

Sabendo-se que a educação é um alimento que se fornece em casa, não é menos verdade que no seio escolar devem ser ministradas um complexo de vitaminas com vista a combater a educação precária doseada na família, muitas vezes esta composta por elementos que por si só não dispõem de formação ou informação suficiente, capaz de promover essa mesma educação rodoviária.

Todos sabem que não se pode evocar o desconhecimento da lei como justificação do não cumprimento, no entanto não é pelo facto de conhecermos e sabermos a legislação e regulamentos do código da estrada que ficamos habilitados a conduzir um veículo motorizado, seja ele de duas ou mais rodas. Assim, torna-se evidente que é necessário ministrar ações de educação rodoviária a crianças e jovens, introduzindo um programa formativo progressivo no curriculum escolar.

Estou em crer que a introdução da educação rodoviária no curriculum escolar, mais do que a atual página única dos manuais do ensino básico, e com o desenvolvimento paralelo de ações formativas e de sensibilização pontuais a crianças e jovens, conseguir-se-á, em duas décadas, não apenas melhorar, mas também aumentar o respeito entre utentes da via, assim o cumprimento das normas.

O passageiro


Enquanto passageiro de uma viatura, seja ela privada ou pública, devemos ter uma postura que não condicione o condutor da referida viatura. deste modo, quando estamos a ser transportados, devemos manter-nos bem sentados, utilizando um tom de voz tranquilo e não distraindo o condutor. Afinal, um condutor tranquilo é um condutor mais atento e seguro.

Empatía

Quando falamos de empatia ao volante, estamos-nos a referir a uma atitude do condutor que tem muito a ver com estes princípios de condução que temos enumerado no decorrer dos últimos dias no Circula Seguro. Confiança, previsão, segurança e responsabilidade desejam um cenário de atitude difícil de entender se não existir uma boa dose de empatia.

O projeto Attitudes da Audi publicou os resultados de um estudo abrangente sobre a empatia na condução que retrata as atitudes dos condutores ao volante. Os dados falam por si: 54% dos condutores são empáticos em suas vidas diárias, mas ao volante do seu veículo 32% deixam de o ser e apenas 22% continuam a ser empáticos.

À empatia sucede algo como a cortesia, como referido à semanas atrás que estava a recuar a passos largos. Compreender o outro é uma das virtudes básicas do condutor seguro e eficaz e, de fato, está entre os fundamentos da condução preventiva. Ter empatia não significa devemos dizer amém a tudo. Isso significa que devemos conduzir com um olhar atento e as antenas postas.

Mas não é só isso. A empatia também é medida pelo mesmo padrão de comportamento que o ditado que diz: “Não faça aos outros o que não gostaria que eles fizessem a si” e, nesse sentido, a perda de empatia é o que tem vindo a ser analisado pela Attitudes, ​​em um extenso relatório intitulado A empatia e sua influência na condução.


Será que a condução nos torna mais empáticos?


O perfil dos condutores que perdem mais empatia quando entram no automóvel corresponde a mulheres que conduzem menos de 30 minutos por dia e geralmente optam pelo carro para levar as crianças para a escola ou para ir ao médico. Em tais situações e perante a necessidade de estacionar o carro por um curto período de tempo, o famoso “momentinho”, não se importam de estacionar em dupla fila. é assim, pelo menos, que está resumido pelo projecto Attitudes.

Existe uma correlação entre a frequência de condução e o facto de ter mais ou menos empatia? De acordo com o estudo, os condutores menos empáticos são aqueles que usam o carro para levar as crianças para a escola, enquanto que as viagens para o trabalho e viagens em família são características dos condutores mais empáticos.

Aliás, para metade dos condutores, a empatia é um valor positivo para a segurança rodoviária. Como eles explicam, isso pode prevenir os acidentes rodoviários, facilitar o fluxo de tráfego e reduzir os incidentes de trânsito. Além disso, com os números em cima da mesa, vemos uma conexão entre a condução empática e a condução com segurança e dentro das regras.

Parece que estamos mais ou menos conscientes da importância da empatia, e as acções de condutores pouco empáticos são bem conhecidas. Ou seja, você vê isso todos os dias: o uso de luzes e buzina para pressionar outros os condutores, ultrapassagens à direita circulando em uma velocidade acima do que o permitido, desrespeito da distância de segurança ou condução com excesso de velocidade são algumas das infracções que o projecto Attitudes colecciona em seu estudo.

Apesar de tudo, tem uma certa coerência e embora pareça evidente que uma pessoa que não pensa que os outros não terá atenção com as regras, existem alguns aspectos de tudo isso que podem ser um pouco confusos. É verdade que uma pessoa que conduz pensa pouco nos outros? Será que a falta de hábitos do condutor terá uma influência importante? Será precisamente a falta de empatia o traço de alguém que tenha banalizado a deslocação de carro?

Mais perguntas deixadas ao ar. Esse perfil tão marcado, com as mulheres que são menos empáticas quando se colocam atrás do volante, é porque no carro não são tão empáticas ou porque fora dele são mais empáticas do que os homens e o diferencial é maior? Sim, quando nos colocamos no lugar dos outros, quando somos empáticos, também corremos o risco: o de questionar a realidade destes dados. Deixando isso de lado, o que parece indiscutível é o papel primordial da empatia na condução segura

Perfil do condutor

Muitas pessoas pensam que são melhores que os outros quando vão a conduzir o seu veículo. Já quase todos vimos ou sofremos situações nas quais condutores repreendem outros condutores pelo simples facto de irem mais devagar ao iniciarem a marcha numa via de aceleração ou ao esperarem pelo último peão que está a atravessar a passadeira. E não apenas isso. Utilizam a buzina como arma intimidadora seguida de: “vá, vamos…”, “parece que lhe saiu a carta numa rifa…”, são alguns desses comentários.

Por outro lado, alguns condutores, quando circulam por um caminho ou estrada conhecida fazem-no de forma relaxada, como se não se importassem com o resto dos utentes e agem como se os seus veículos fossem em piloto automático. Não é raro verem-se outros condutores que por excesso de confiança aceleram pela berma em cada curva ou passam o semáforo que ainda está vermelho pois sabem que não tardará muito a passar para verde para os peões. São condutores autónomos, confiantes ou de experiência limitada e quando vêem que os outros não reagem como eles, chegam mesmo a comportar-se de uma forma agressiva.

Condutas que podem considerar-se egoístas, contrárias à lei e que mostram desprezo pelos outros, com perigo e chegando a originar um risco desnecessário, para além de serem passíveis de sanções de acordo com o Código da Estrada, podem mesmo considerar-se como actos criminosos. Por outro lado, não se trata apenas de uma questão de fazer, com a ação, mas também de não fazer, como é o caso da omissão: não sinalizar um perigo, uma carga derramada ou o nosso próprio veículo imobilizado que se encontra a obstruir a via pública, não permitir que o ultrapassem, presenciar um sinistro rodoviário e não prestar ajuda ao condutor, a possíveis ocupantes ou a outros participantes implicados, são algumas dessas condutas.

Diz-me como conduzes e dir-te-ei como és


Um estudo sociológico sobre o fator humano na segurança rodoviária patrocinado pela seguradora Mapfre e elaborado pelo gabinete Bernard Krief em 1995, resumido muito brevemente, dizia que um em cada quatro condutores é perigoso e impulsivo e considera o veículo como uma projecção da sua personalidade. Afirmava também que o condutor espanhol valoriza muito positivamente as suas habilidades ao volante e que atribui sempre a culpa dos acidentes ‘aos outros’. No final do relatório e face ao número de entrevistados (uns 1300 aprox.), estes puderam ser classificados em cinco tipos ou grupos de condutores:

Educados e tranquilos: Integram-se neste grupo 17,5% dos condutores entrevistados e caracterizam-se pelo facto de não estarem particularmente obcecados pela segurança nem pela responsabilidade de conduzir. São condutores que conduzem como vivem, sem pressas, não se alteram facilmente, dizem manter-se práticos e resolutos durante a condução, mesmo em situações de dificuldade por imperativos do trânsito.

■ Indiferentes e confiantes: Representam 12,3% dos condutores. Este grupo é o que menos se preocupa com a segurança. Padecem do excesso de confiança que os faz esquecer muitas vezes alguns perigos inerentes à circulação de veículos e de peões. Expressam menos interesse que os restantes condutores por problemas de manutenção, revisões ou elementos de segurança do carro. Estes condutores reconhecem sentir-se um pouco nervosos quando conduzem e não consideram a condução como uma actividade especialmente divertida.

■ Sensibilizados e responsáveis26,9% dos automobilistas classificam-se neste grupo. São condutores que têm as coisas bastante claras. São responsáveis e conscientes de todos os aspectos que intervêm na segurança. Como cumpridores da lei actualizam-se e adaptam-se a ela. Se possuem algum defeito, esse poderá ser a sua invejável autoestima por confiarem muito em si próprios, talvez até demais. Consideram que conduzir é uma verdadeira responsabilidade mas disfrutam da condução.

■ Incompatíveis e apáticos: Os que se incluem nesta tipologia representam 17,4% aproximadamente dos automobilistas. Preferem usar os transportes públicos sempre que podem. Desagrada-lhes terem de conduzir já que consideram a condução uma actividade incómoda e aborrecida. Discordam das regras e podem comportar-se de forma agressiva. São os que protestam quando saem novas regras de trânsito por as considerarem pouco necessárias e apostam numa cidade sem carros. Culpam o automobilista pelos sinistros por atropelamentos e defendem o peão.

■ Impulsivos e impacientes: Este é um grupo numeroso e nele se enquadram 25,9% do total dos condutores. É o grupo mais preocupante do ponto de vista da segurança rodoviária já que apresentam atitudes claramente diferenciadas dos restantes e representam o grupo de condutores com mais acidentes. A sua principal característica é a utilização do veículo como meio de autoafirmação pessoal, ou seja, consideram o carro como um meio para reforçar a sua própria personalidade. Sentem-se transformados e mais donos de si próprios quando estão ao volante. São mais impetuosos, tendem a sofrer mais problemas de stress, são mais irritadiços, têm menos paciência com os problemas do dia a dia do trânsito e manifestam uma forma de conduzir mais agressiva que a dos restantes condutores.

Em suma, identificar-se com um ou com vários destes grupos de condutores pode ser um pouco complexo já que algumas dessas mencionadas condutas não têm que coincidir com o comportamento da pessoa num dado momento, ou seja, não se pode generalizar um simples facto, pois dependerá de múltiplas ações e fatores. Por outro lado, poderia afirmar-se que as pessoas que apresentam um pior ajuste social e cometem infracções leves de trânsito, a longo prazo são mais propensas a sofrer algum acidente ou perigo ao volante

Sem comentários:

Enviar um comentário