Ao fazer uma ultrapassagem deve estar na faixa da esquerda. E isso tem uma razão de ser muito lógica. É muito mais fácil de ser visto pelo retrovisor esquerdo e central que no direito do veículo que se vai ultrapassar. Claro que é mais cómodo achar que todos os condutores vivem em função do retrovisor direito, e havendo uma colisão achar que o outro é que foi culpado. Esta é uma forma anti-cívica e irresponsável de pensar, digna de uma criança do jardim de infância.
Porquê ultrapassar? Para ir mais rápido que o outro condutor, seja qual for o motivo. De acordo, nem sempre os outros condutores sabem que têm de circular na faixa o mais à direita possível e deixar livre a faixa esquerda e a central, “obstruindo” assim a circulação a uma velocidade inferior à máxima permitida.
A forma correta de proceder, e a mais segura, é ultrapassar pela esquerda. No entanto, se surgir a necessidade de ir mais rápido (assumindo o condutor a responsabilidade de o fazer) e não puder ultrapassar pela esquerda, tem de ter primeiro uma atitude respeitável. Manter a distância de segurança em relação ao veículo da frente, tenha ou não razão para “forçar” a ultrapassagem. Pode fazer sinais de luzes em jeito de “deixe-me passar por favor” em vez da atitude “sai do caminho palerma!”. Se o condutor da frente mesmo assim não se desvia para o deixar passar, continue a manter a distância de segurança e espere que ele altere a respectiva conduta.
No máximo só perdemos uns segundos na nossa viagem e evitamos enervar o outro condutor, além disso evitamos também uma situação absurda de risco. Se estiver muito perto dele, e se tiver de travar por qualquer motivo, mesmo um pequeno toque de travão, pode acabar por bater e derivar num terrível acidente (um choque em cadeia por exemplo) se também o veículo que circule atrás tenha o mesmo desprezo pela distância de segurança.
Os riscos da ultrapassagem pela direita
Ligar os intermitentes (4 piscas) ou as luzes de nevoeiro não nos dá mais direito para usar a faixa da esquerda. Se não houver nevoeiro desligue-as. Pode ser uma boa ideia levar os médios ligados, no entanto também não nos dá o direito de passagem, servem para sermos vistos pelo retrovisor dos outros condutores. É uma medida de segurança activa, válida em todos os dias do ano, independentemente do clima e da hora, e é 100% legal.Pensar erradamente e acertar. Pense que se o condutor da frente travar você tem de ser capaz de reagir e travar sem bater contra ele, lembre-se que, na melhor das hipóteses, desde a percepção do perigo até ao pisar do travão passam 0,75 segundos, e a 120 km/h estamos a falar de quase 30 metros. Além disso, mesmo que esteja a usar os travões de cerâmica da Porche ou da Brembo, ainda não se inventou a paragem em tempo zero de um carro, a não ser que o condutor morra instantaneamente é claro.
Se ultrapassarmos pela direita estamos a arriscar uma multa, um toque, um acidente em cadeia. E isto por uns segundos? O pior é quando se repete este procedimento continuamente, como se os outros fossem um estorvo no nosso caminho e circulem mais devagar só para nos chatear. “Espere a sua vez para passar”, a vida não se detém por uns segundos.
Os condutores que circulam em ziguezague, ou não estão conscientes do risco que estão a provocar ou têm um problema qualquer no cérebro (leia-se desmiolados). A “aventura” pode acabar, na melhor das hipóteses, com uma multa por condução perigosa ou, no pior cenário, provocar um acidente com vítimas (um peso que carregarão na mente para o resto das suas vidas). De qualquer modo não compensa, apenas para ganhar uns miseráveis segundos. Neste vídeo pode ver-se um resumo do tudo o que não se deve fazer numa auto-estrada
Se o trânsito está tão lento que ocupa toda a largura da estrada e a velocidade é reduzida (fila), então pode-se ultrapassar pela direita (quando a marcha de um veículo está dependente da marcha dos veículos que o precedem). Mas ultrapassar pela direita outro carro em condições normais (nem que vá só a 1 km/h mais que o dito) é considerado transgressão, logo sujeito a multa. Apliquemos então o senso comum. Ninguém gostaria de virar para a direita e de repente perceber o barulho da chapa de outro veículo a entrar incorrectamente pelo nosso ângulo morto. De quem seria a culpa? De ambos, um por mudar de faixa sem ter verificado convenientemente que a mesma estaria livre (retrovisor, sinalização, manobra) e o outro por estar a fazer uma ultrapassagem pela direita.
Respeitar os outros é sempre mais seguro do que os desprezar. Se outro condutor circula de forma incorrecta, isso não nos legitima a cometer uma infracção. Não se deve, por exemplo, circular a mais de 120 Km/h, mas se o tiver que fazer por algum motivo que o faça sem colocar em perigo os outros, ou seja de uma forma responsável (como é, por exemplo, prática na Alemanha). A educação na estrada é reconhecida pelos outros, muitos condutores passam para a faixa da direita sem que seja preciso colar-se ao seu pára-choques, fazer sinais de luzes ou apitar. Basta esperar um pouco, que o mundo não acaba por uns segundos.
Não se esqueça de manter sempre uma distância segura, vá ou não ultrapassar. A sinalização francesa (na imagem) recorda que dois traços descontínuos exteriores entre carros supõem uma distância adequada de segurança. Mais simples é difícil.
Quando, por algum motivo, tem demasiada pressa (ou impaciência) pode dar origem a uma tragédia. O acidente dos turistas finlandeses num autocarro, além do excesso de velocidade e do álcool detectado no condutor que causou o sinistro, foi provocado pelas mudanças de faixa e ultrapassagens temerárias, que foram carregando a “arma” até que esta “disparou”, ou seja um conjunto de comportamentos incorrectos que, acumulados, levou ao trágico desfecho.
Para seu bem e dos outros: Não ultrapasse pela direita, não vale mesmo a pena.
En Circula Seguro | Ultrapassagem: uma manobra perigosa?
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